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USO DA TINTA DE TERRA NO PROCESSO ARTESANAL DA LOUÇA DE BARRO

Antônio de Mamede Pequeno, José Ewerton Macêdo de Lima Silva, Adriana de Fátima Meira Vital

Por todo o Brasil ainda são encontradas comunidades onde mulheres exercem a arte da manipulação do solo, na confecção de peças, verdadeiras obras de arte e de saberes locais. A arte com a terra, seja pela facilidade de acesso, aquisição e manipulação, conquistou o interesse de diversas comunidades, atendendo suas necessidades mais imediatas, desde a elaboração de artefatos domésticos destinados às múltiplas funções do cotidiano, sejam utilitárias, decorativas, lúdicas ou religiosas, até as construção e pintura das edificações, colaborando assim para o embelezamento, a tradição, a cultura e o empoderamento de comunidades mais distantes das decisões do poder. o artesanato com o barro muitas vezes representa a primeira via de inserção no mercado de trabalho de grande parcela da população, especialmente as comunidades rurais, situadas na desigualdade de acesso aos bens e serviços públicos mais prioritários. Além de ser matéria prima para a atividade artística da louça de barro, o solo, como um meio colorido, dentre suas potencialidades de uso não agrícola, pode ser trabalhado na atividade artística nomeada de geotinta – tinta ecológica a base de terra, ecotecnologia social, cujo processo de baixo custo e impacto ambiental mínimo, compreende produtos, técnicas e metodologias que visam a valorização deste recurso natural e o desenvolvimento do sentimento de pertencimento das comunidades. No Cariri Paraibano, na Comunidade Rural do Ligeiro de Baixo, município de Serra Branca, é possível observar o esforço de cinco agricultoras artesãs para manter a tradição familiar de louceiras ou ceramistas, sua relação com o meio ambiente e as dificuldades enfrentadas no cotidiano. O projeto objetiva avaliar o uso da tinta de terra (geotinta) na pintura de peças de barro, como alternativa para agregar valor e dar visibilidade à atividade artesanal das loiceiras do Cariri paraibano, além de montar um banco de dados sobre a atividade da louça de barro do Cariri

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ARTE COM TERRA, INCENTIVO E VALORIZAÇÃO DA LOUÇA DE BARRO

Ivson de Sousa Barbosa, Adriana de Fátima Meira Vital  

 

Historicamente o recurso natural solo, que exerce diversos serviços ecossistêmicos para a sustentação da vida, é usado como matéria para as construções humanas e para as representações culturais dos povos. Usar o solo para fazer arte pode ser visto como uma das mais ricas manifestações da cultura material de um determinado grupo étnico, além de expressar a relação das pessoas com as peculiaridades local ou regional. Em que pese o avanço das tecnologias da modernidade no mundo contemporâneo, o uso de objetos artesanais, compondo o cotidiano das pessoas, é ainda bastante expressivo, especialmente aqueles que têm o solo como matéria prima, especialmente as argilas ou simplesmente o “barro de loiça”. O artesanato, entre outras potencialidades, contribui para minimizar a escassez do vínculo empregatício e valoriza a autonomia que a profissão permite, gerada pelo exercício das mãos, cabendo habitualmente ao artesão o controle sobre cada fase de elaboração do produto até o momento da comercialização. Além disso, é importante segmento dentro da perspectiva do turismo sustentável. A atividade artesanal com barro é também uma importante área para trabalhar conceitos sobre o solo, sendo esta um segmento da Etnopedologia, área da Ciência do Solo que estuda as relações das pessoas com o solo que trabalha a percepção e o reconhecimento do saber local e dos usos diversos desse recurso natural, inclusive nas comunidades de artesãs ou louceiras. A arte com barro necessita de apoio para seu prosseguimento e de políticas públicas que lhes deem visibilidade, por serem expectativas de justiça social e de desenvolvimento local e econômico, fazendo parte da cultura e tradição dos territórios. Em países desenvolvidos, as atividades artesanais geram, normalmente, produtos de qualidade superior e de alto valor agregado, contribuindo fortemente para o crescimento econômico e para o bem-estar social de inúmeras pessoas e comunidades. No Cariri paraibano, todavia, a arte das louceiras tem apesentado certo declínio, em função do desinteresse das jovens em aprender a atividade e da ausência de políticas públicas que deem ênfase e visibilidade a tradição local. Nesse cenário, a incorporação de práticas de sustentabilidade, com o uso da tinta de terra – geotinta, pode resultar em uma inovação interessante na atividade com barro. A proposta objetiva incentivar o artesanato com barro para continuidade da arte na Comunidade Ligeiro de Baixo e ensinar a arte com barro às pessoas da comunidade como estratégia para aprimorar a cadeia produtiva do artesanato, estimulando a produção e o uso da tinta de terra (geotinta) na pintura de peças de barro, como alternativa para agregar valor e dar visibilidade à atividade artesanal das loiceiras do Cariri paraibano.

PROJETOS

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